A deriva
desesperada do governo prossegue rumo ao precipício. A operação de troca de
dívida pública na ordem dos 6,6 mil milhões de euros - cuja maturidade, estando
agendada para os próximos dois anos, foi empurrada para 2017 e 2018 - foi
entendida como um êxito no processo de regresso de Portugal aos mercados
financeiros, secundarizando-se o facto de acarretar um aumento colossal dos
juros a pagar.
De 300 milhões de euros, o encargo subirá para 1400 milhões de
euros, ou seja, mais 1100 milhões de euros nas contas do Estado, substituindo-se
juros de 1,16% e 0,71% por outros de 4,68% e 4,96%.
Reestrutura-se a dívida
pública de forma subtil e mitigada, sem usar aquele perigoso verbo para não
amedrontar os sacrossantos e sensíveis/especulativos mercados financeiros.
Omite-se
a necessidade objetiva de se proceder a uma verdadeira reestruturação da dívida
pública portuguesa, imparável no seu crescimento, e impagável nos termos
atuais. Mais do que nunca - e esta é a opinião crescente de especialistas de
diferentes quadrantes político-ideológicos, da direita à esquerda -, é vital a
renegociação da dívida pública na ótica do devedor, equacionando-se montantes
(dívida legítima/ilegítima), juros e maturidades, e subordinando-se o serviço
da dívida às necessidades de crescimento da economia.
Pergunta-se: não foi
desta maneira que a Alemanha, nos acordos internacionais de 1953, resolveu o
problema da sua gigantesca dívida pública e o pagamento de indemnizações de
guerra, gozando de perdão e condições privilegiadas, com o propósito da sua
economia funcionar e prosperar?
É a este estado de coisas que Portugal chegou no
corolário da austeridade assimétrica que nos tem sido imposta sob a capa do fanatismo
ideológico conservador e neoliberal, na lógica do pensamento único e da
inexistência de alternativa.
Prossegue a submissão do país, a viver sob
protetorado alemão, e totalmente inclinado para o pagamento de juros agiotas
aos credores e à banca nacional ou internacional.
É inaceitável e imoral que os
bancos contraiam empréstimos a juros quase nulos junto do Banco Central Europeu
(0,25%) e emprestem aos Estados a mais de 6 e 7%. É um absurdo que os Estatutos
do BCE bloqueiem os empréstimos diretos aos diferentes Estados.
É de uma
evidência cristalina que a atual configuração da União Europeia está para
servir os altos interesses privados, a banca transnacional e os grandes grupos
económicos, em detrimento dos povos e das nações.
Falar de solidariedade,
cidadania e coesão europeias no tempo atual é exercício de hipocrisia. Roça o
escândalo que os juros da dívida pública portuguesa na ordem dos 7300 milhões
de euros anuais ultrapassem em valor o que se investe, separadamente, e por
exemplo, na educação, na saúde ou no pagamento de salários ao conjunto da
Administração Pública Central. Por este caminho não levamos a carta a Garcia!
Apostila. O novo executivo permanente da autarquia silvense confrontou-se
com a impossibilidade legal de proceder à renovação de contratos de trabalho a
termo certo com 19 trabalhadores que estavam colocados no Agrupamento de
Escolas de Silves (sete) e no Agrupamento de Escolas Dr. António Contreiras
(doze).
No caso concreto, a Lei impede a renovação/prorrogação dos contratos na
esfera pública para além dos 3 anos. Os funcionários da autarquia terminaram os
seus vínculos laborais a 1 de Dezembro (a grande maioria), a 5 e a 19 do mês
corrente.
Logo nos primeiros dias subsequentes à tomada de posse no dia 22 de
Outubro, o executivo permanente debateu o assunto com os Diretores dos dois
mega-agrupamentos e procurou contacto direto com o Delegado Regional de
Educação e a Secretaria de Estado do Ensino e Administração Escolar no sentido
de solucionar o problema.
As conversas revelaram-se estéreis. Por consequência
e por existir interesse consensual em manter os mesmos trabalhadores nas
escolas por razões de profissionalismo e competência específica para o
desempenho das tarefas, equacionou-se uma única saída para o problema:
contratar os 19 funcionários ao IEFP na figura dos POC (programas ocupacionais)
por um ano, através das respetivas Juntas de Freguesia e por zona de
residência.
É claro que a precariedade e a degradação das condições
remuneratórias são condenáveis. É claro também que a qualidade da escola
pública e os interesses da comunidade educativa mereceriam da parte do
Ministério da Educação e do governo uma solução consistente e duradoura porque
estamos perante necessidades permanentes das escolas.
Lamentavelmente, para o governo,
o que conta são os números, e não as pessoas. Resta uma esperança ao fundo do
túnel. Se a Lei o permitir, a
autarquia silvense abrirá em 2014 um concurso público para admissão por tempo
indeterminado dos trabalhadores em falta nas escolas do concelho.
Jornal "Terra Ruiva"
Edição de Dezembro/2013
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