A saga
interminável da austeridade amordaça e mata a esperança dos portugueses, não se
descortinando o seu fim.
Ainda não se saiu da execução inicial do orçamento de
Estado para 2014 que contemplou o agravamento substancial das condições de vida
dos trabalhadores, principalmente, os da função pública – considerados como a
origem de todos os males -, reformados e pensionistas, e a generalidade das
famílias portuguesas, e já se anuncia a necessidade de novos cortes orçamentais
na ordem dos 2 mil milhões de euros para 2015.
Os visados são repetidamente os
do costume … os atrás referidos. Baixar os salários, manter ou reforçar a
brutal carga fiscal que incide sobre quem trabalha e os reformados, no quadro
de um programa ideológico perfeitamente delineado (nas palavras do insuspeito
José Pacheco Pereira/militante do PSD) de destruição gradual da classe média e
empobrecimento da sociedade portuguesa, é a estratégia seguida pela coligação
de direita, numa lógica de completa submissão aos ditames da troika.
Não
importa que os resultados não sejam os esperados. Não importa que as metas do
défice do orçamento de Estado não se concretizem, nem que a dívida pública
prossiga a sua linha ascendente. Não importa que o desemprego real atinja
números inimagináveis, a pobreza e as desigualdades alastrem. Não importa que
não haja crescimento económico.
Acima de tudo e de todos situam-se os supremos interesses
dos credores vulgo agiotas.
É curioso, para não dizer ultrajante, a nomeação do
ex-Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para Chefe de Departamento dos Assuntos
Orçamentais do FMI.
Dizia-se que o ex-ministro era o 4.º elemento da troika. Aí
está a nomeação a confirmar a qualidade dos altos serviços prestados.
Para
desgraça da sanidade da democracia, não há um período de nojo para aqueles, que
tendo negociado diretamente com outra entidade, supostamente, defendendo o
interesse do Estado português, sejam recrutados, praticamente, assim que abandonam
as funções governamentais, pela parte com quem negociaram.
Nada disto abona a
favor de alguma classe política, nomeadamente, aquela que se alterna
infinitamente no poder. E em matéria de moral e honestidade política e
intelectual, os exemplos são como os cogumelos.
Veja-se a postura do primeiro-ministro
Passos Coelho que antes das eleições
que o levou ao poder, esperava que “não
sejam necessárias mais medidas de austeridade”, defendendo que “o caminho para superar esta situação não é
mais austeridade, mas sim criar condições para o emprego e o crescimento da
economia apareçam”, adiantando ainda que “o país não precisa de mais promessas de impostos e de mais sacrifícios
só porque o Estado não faz aquilo que deve.”
É ainda Passos Coelho que na qualidade de governante, afirmava do
alto da sua cátedra que os cortes salariais eram provisórios. Agora vem afirmar
que são definitivos!
Que resposta dará o Tribunal Constitucional? A desvergonha
dele e do governo é tamanha que também falam na necessidade de promover a
natalidade num contexto infernal em que flagelam as famílias com cortes brutais
nos rendimentos, lançando-as no incumprimento de obrigações e no desemprego,
atirando-as para a miséria ou para a emigração!
Cerceando, sobretudo, qualquer
espécie de oportunidade aos jovens, alcançar um emprego … e reunir condições
para constituir família.
O país está a pagar um preço exorbitante pela aventura
da adesão política à CEE (1986) e ao EURO (1998) que conduziu à destruição do
aparelho produtivo nacional, à perda de competitividade, quotas de mercado … e
à perda de soberania económica, financeira, monetária e orçamental …
encontrando-se num “colete de forças” do qual não é fácil sair.
Apostila – Pressente-se por vezes algum descontentamento local,
por parte dos agentes económicos, no que concerne aos valores dos preços, taxas e licenças camarárias, tidos justamente
como excessivamente elevados e incomportáveis, e mesmo impraticáveis, no caso
dos mercados e feiras.
É conveniente clarificar e por os pontos nos ii, esclarecendo
que os mesmos foram viabilizados no(s) anterior(es) mandato(s) pelos eleitos do
PSD e do PS.
Os eleitos da CDU opuseram-se quer no Executivo Municipal quer na
Assembleia Municipal de Silves.
É gratificante saber que, por razões de
coerência e salvaguarda dos compromissos programáticos, é intenção da
Maioria CDU na autarquia silvense, proceder à revisão do Regulamento de preços,
taxas e licenças, reduzindo os seus valores (não obstante, a escassez de
recursos financeiros) e desta forma, aliviar as condições de vida no concelho e
incentivar o desenvolvimento económico.
Jornal Terra Ruiva
Edição de Março/2014
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