40 anos após a
revolução dos cravos de 25 de Abril de 1974, Portugal encontra-se num plano
diametralmente oposto ao ambiente social e político, às extraordinárias ondas de alegria que
invadiram as ruas e praças da lusa pátria, num clima inolvidável de
fraternidade, e às legítimas esperanças no fim imediato da guerra colonial, num
futuro de bem-estar, justiça social,
democracia e desenvolvimento, que o dia da libertação da longa noite de trevas,
trouxe e incutiu nas massas trabalhadoras, e na população portuguesa, de norte
a sul do território, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, e que se
propagou aos povos das antigas colónias, sedentos de se tornarem donos dos seus
destinos.
O país
encontra-se deprimido e exausto da austeridade sem fim que o próprio Presidente
da República, anuncia como alternativa única, para os próximos 20 anos.
As
políticas da famigerada troika e da coligação de direita, subserviente e
ideologicamente cega aos interesses dos credores e dos mercados financeiros,
que violentam as famílias portuguesas
sem dó nem piedade, desde a assinatura do programa de resgate, há 3 anos atrás, pelos atuais governantes e
pelo PS que o desencadeou, vão deixando um rasto de miséria e empobrecimento
generalizado.
A revolta é tamanha e os efeitos tão devastadores na economia e
na sociedade que impulsionaram a invulgar convergência de posições de um
alargadíssimo leque de personalidades – da direita à esquerda do espectro
político (Adriano Moreira, Bagão Félix, Ferreira Leite, Silva Lopes, Freitas do
Amaral, João Cravinho, Carvalho da Silva …) – em torno de um Manifesto que
defende e exige a reestruturação da dívida pública.
Exigência que o PCP, bem
como, figuras e especialistas do panorama nacional e internacional já fazem, pelo menos,
desde 2011.
E porquê? Porque é necessário libertar recursos do serviço da
dívida que permitam a economia respirar e funcionar, e se assegure níveis de crescimento
económico que proporcionem excedentes orçamentais, a sustentabilidade da dívida
pública, a criação de emprego e riqueza.
Nada que os alemães não tivessem
feito. Nos Acordos de Londres de 1953, a dívida externa alemã foi perdoada em
cerca de metade. Do remanescente, 17% beneficiou de juros a 0% e 38% a juro de
2,5%. Foi estabelecido um período de carência de 5 anos, e as responsabilidades
anuais limitadas a 5% das exportações no mesmo ano.
O caminho da
austeridade tem conduzido à recessão, ao incumprimento das metas orçamentais,
ao agravamento da dívida pública, à destruição do aparelho produtivo, ao desemprego
maciço, à emigração, à pobreza e à degradação das funções sociais do Estado.
O
bastante para mudar de rumo e de políticas. Ao invés, já se sopram novos cortes
e sacrifícios, decerto, aos mesmos de sempre, para 2015 … dois mil milhões de
euros, coisa menos coisa. A troika, afinal, não se vai embora em Maio.
O
Tratado Orçamental assinado pelos partidos do bloco central (PSD, CDS e PS)
manietará o país nas suas políticas económicas e sociais de uma forma tremenda,
impondo objetivos e restrições impossíveis de cumprir.
Com saída limpa,
programa cautelar ou o que quer que seja, o país continuará agrilhoado e
subjugado à austeridade até que o povo português o consinta.
Jornal Terra Ruiva
Edição de Abril/2014
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