A sociedade como
as organizações, e no caso concreto, os municípios, precisam de fazer opções,
escolher entre alternativas, definir prioridades, saber distinguir entre o que
é fundamental em dado momento, avaliar a decisão no contexto das várias áreas
de intervenção – considerando o todo, pesar e ponderar, pela simples razão – e
isto, é um dos problemas fundamentais da economia – de que os recursos são escassos
face às necessidades ilimitadas do Homem e das populações.
Nenhuma organização
reúne capacidades e recursos para resolver tudo num ápice. O provérbio popular
“Roma e Pavia não se fizeram num dia”
mantém-se atual e verdadeiro.
Num quadro complexo de governação, torna-se
indispensável aos decisores políticos, aos autarcas, o conhecimento do potencial
da sua unidade organizativa, do território e do tecido social, em paralelo com a
interiorização da necessidade do uso das técnicas de organização, gestão e
planeamento, e da aplicação das novas ferramentas tecnológicas.
É igualmente
vital aos autarcas que sejam portadores de convicções e valores, propostas e
ideias claras, práticas de bem servir e intransigência na defesa do serviço
público, visão sistémica e linhas de orientação estratégica.
Observando a ação do Município de Silves, é
possível, a título de exemplo, a identificação de atividades e investimentos
que revelam escolha criteriosa e sentido de oportunidade, tendo em vista o
desenvolvimento do território.
A rubrica “Jazz nas Adegas”, organizada com baixos custos e o financiamento do
Programa Algarve “365”, traduziu-se numa iniciativa inovadora, de assinalável
sucesso e tremendo impacto mediático, que se repercutirá na dinamização e promoção
do setor emergente e promissor dos Vinhos de Silves.
A retoma
extraordinariamente bem conseguida, ao fim de largos anos, do certame dos
citrinos, sob a designação de 1.ª Mostra “Silves,
Capital da Laranja”, que foi precedido de vários eventos associados ao
produto laranja e do registo da própria marca, que culminaram com a realização
da Mostra na FISSUL, veio quebrar o incompreensível vazio e eliminar o absurdo
que se fazia sentir no concelho que é o maior produtor nacional de citrinos,
dando destaque e impulso a um setor fundamental da economia local.
E por falar
em retomas, anuncia-se uma outra, que reúne famoso e rico historial - a
reedição do Festival da Cerveja, já não no Castelo de Silves, mas na baixa da
cidade, coorganizada pelo Silves Futebol Clube e pelo Município de Silves, que
não deixará de reforçar os fluxos turísticos e impulsionar a economia local, para
além de revigorar o clube da terra e a prática desportiva.
No âmbito dos
investimentos municipais na área da reabilitação urbana, é indiscutível o
caráter prioritário e a importância estratégica do Plano Geral de Drenagem das
Águas Pluviais da Vila de Armação de Pêra (objeto de apresentação pública
recente) e respetivos Projetos de Execução, elaborados sob a égide de reputados
especialistas, que visam a resolução do problema estrutural das inundações
naquela Vila balnear.
O custo estimado das obras em valor superior a 2 milhões
de euros, agrega também a componente dos esgotos domésticos (alteração recente
ao Plano) cuja infraestrutura - por obsoleta, inapropriada e subdimensionada -,
é mais um problema estrutural a dirimir pelo Município de Silves.
A candidatura
do projeto “Otimização da Eficiência
Energética das Piscinas Municipais de Silves” aos fundos comunitários (a
lançar brevemente) que integra diversas componentes - painéis solares, painéis
fotovoltaicos, substituição de duas dezenas de bombas, iluminação LED e
instalação de mantos térmicos - é um bom exemplo de inovação e escolha
estratégica que, tudo o indica, revolucionará os custos de funcionamento do
Complexo de Piscinas Municipais de Silves, em consequência da opção pelas
chamadas energias limpas.
Sendo criteriosas na alocação dos recursos que são
escassos, nunca perdendo a noção das prioridades, a visão de conjunto e o
sentido estratégico, as organizações tornam-se mais produtivas, alcançando de
forma mais eficaz e eficiente os seus objetivos programáticos.
Publicado no Jornal "Terra Ruiva"
Edição de Abril de 2017
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