quarta-feira, 23 de abril de 2014

Orgulhosamente, teimosos e trapaceiros


A saga interminável da austeridade amordaça e mata a esperança dos portugueses, não se descortinando o seu fim.

Ainda não se saiu da execução inicial do orçamento de Estado para 2014 que contemplou o agravamento substancial das condições de vida dos trabalhadores, principalmente, os da função pública – considerados como a origem de todos os males -, reformados e pensionistas, e a generalidade das famílias portuguesas, e já se anuncia a necessidade de novos cortes orçamentais na ordem dos 2 mil milhões de euros para 2015.

Os visados são repetidamente os do costume … os atrás referidos. Baixar os salários, manter ou reforçar a brutal carga fiscal que incide sobre quem trabalha e os reformados, no quadro de um programa ideológico perfeitamente delineado (nas palavras do insuspeito José Pacheco Pereira/militante do PSD) de destruição gradual da classe média e empobrecimento da sociedade portuguesa, é a estratégia seguida pela coligação de direita, numa lógica de completa submissão aos ditames da troika.

Não importa que os resultados não sejam os esperados. Não importa que as metas do défice do orçamento de Estado não se concretizem, nem que a dívida pública prossiga a sua linha ascendente. Não importa que o desemprego real atinja números inimagináveis, a pobreza e as desigualdades alastrem. Não importa que não haja crescimento económico.

Acima de tudo e de todos situam-se os supremos interesses dos credores vulgo agiotas.

É curioso, para não dizer ultrajante, a nomeação do ex-Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para Chefe de Departamento dos Assuntos Orçamentais do FMI.

Dizia-se que o ex-ministro era o 4.º elemento da troika. Aí está a nomeação a confirmar a qualidade dos altos serviços prestados.

Para desgraça da sanidade da democracia, não há um período de nojo para aqueles, que tendo negociado diretamente com outra entidade, supostamente, defendendo o interesse do Estado português, sejam recrutados, praticamente, assim que abandonam as funções governamentais, pela parte com quem negociaram.

Nada disto abona a favor de alguma classe política, nomeadamente, aquela que se alterna infinitamente no poder. E em matéria de moral e honestidade política e intelectual, os exemplos são como os cogumelos.

Veja-se a postura do primeiro-ministro Passos Coelho que antes das eleições que o levou ao poder, esperava que “não sejam necessárias mais medidas de austeridade”, defendendo que “o caminho para superar esta situação não é mais austeridade, mas sim criar condições para o emprego e o crescimento da economia apareçam”, adiantando ainda que “o país não precisa de mais promessas de impostos e de mais sacrifícios só porque o Estado não faz aquilo que deve.

É ainda Passos Coelho que na qualidade de governante, afirmava do alto da sua cátedra que os cortes salariais eram provisórios. Agora vem afirmar que são definitivos!

Que resposta dará o Tribunal Constitucional? A desvergonha dele e do governo é tamanha que também falam na necessidade de promover a natalidade num contexto infernal em que flagelam as famílias com cortes brutais nos rendimentos, lançando-as no incumprimento de obrigações e no desemprego, atirando-as para a miséria ou para a emigração!

Cerceando, sobretudo, qualquer espécie de oportunidade aos jovens, alcançar um emprego … e reunir condições para constituir família.

O país está a pagar um preço exorbitante pela aventura da adesão política à CEE (1986) e ao EURO (1998) que conduziu à destruição do aparelho produtivo nacional, à perda de competitividade, quotas de mercado … e à perda de soberania económica, financeira, monetária e orçamental … encontrando-se num “colete de forças” do qual não é fácil sair.


ApostilaPressente-se por vezes algum descontentamento local, por parte dos agentes económicos, no que concerne aos valores dos preços, taxas e licenças camarárias, tidos justamente como excessivamente elevados e incomportáveis, e mesmo impraticáveis, no caso dos mercados e feiras.

É conveniente clarificar e por os pontos nos ii, esclarecendo que os mesmos foram viabilizados no(s) anterior(es) mandato(s) pelos eleitos do PSD e do PS.

Os eleitos da CDU opuseram-se quer no Executivo Municipal quer na Assembleia Municipal de Silves.

É gratificante saber que, por razões de coerência e salvaguarda dos compromissos programáticos, é intenção da Maioria CDU na autarquia silvense, proceder à revisão do Regulamento de preços, taxas e licenças, reduzindo os seus valores (não obstante, a escassez de recursos financeiros) e desta forma, aliviar as condições de vida no concelho e incentivar o desenvolvimento económico.



Jornal Terra Ruiva
Edição de Março/2014




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