sábado, 2 de novembro de 2013

Educação a ferro e fogo



A qualidade da educação e da escola pública em Portugal degrada-se a olhos vistos em consequência das medidas governamentais economicistas e austeritárias que devastam o setor. 

O arranque/funcionamento do ano letivo 2013/14 é de longe o mais conturbado e doloroso dos últimos anos. 

As escolas chegaram ao ponto de excluírem alunos já matriculados, obrigando-se a assumir o odioso das orientações superiores porque a tutela não autoriza a separação de turmas e o seu funcionamento com número de alunos inferior a 24/26 alunos, conforme se trate de cursos profissionais ou cursos de prosseguimento de estudos. 

O panorama é desolador: turmas de 30 alunos (e mais), centenas de alunos por professor, professores de línguas estrangeiras com dois níveis numa sala de aula repleta, professores de informática com 2/3 alunos por computador … acréscimo de horas de trabalho letivo e não letivo, cortes salariais, sobrecarga brutal de impostos, carreiras e progressões congeladas há sete anos, desmotivação geral … é a loucura total. 

As direções das escolas enfrentam dramas familiares e o desespero dos alunos que veem desmoronar os seus sonhos, sendo forçados a escolher cursos desadequados ou a abandonar o sistema de ensino. 

A sugestão fria e mirabolante do ministério de encaminhar alunos para outras escolas da região, esbarra, naturalmente, nas condições difíceis em que a generalidade das famílias vive, resultado do saque/assalto a que as mesmas vão sendo sujeitas. 

Três semanas após o início do ano letivo regista-se cerca de 1000 professores por colocar (cerca de 30% da classe docente está no desemprego!) e muitas escolas funcionam a meio gás por insuficiência de pessoal auxiliar (assistentes operacionais). 

Em vários cantos do país surgem manifestações justas de protesto lideradas por pais/encarregados de educação contra a falta de professores e alunos sem aulas, circunstância que desprestigia a escola pública. É difícil de entender que as primeiras colocações de professores através da plataforma eletrónica do ministério da educação (reserva de recrutamento) se tivessem arrastado demasiado tempo sem resultados. 

Das duas uma: ou a plataforma funcionou mal (é a mesma de anos anteriores) ou existiu o propósito deliberado de poupar alguns tostões, retardando a colocação dos docentes. 

A não contratação de pessoal auxiliar, necessário ao pleno funcionamento das escolas, escuda-se no rácio funcionários/alunos que vem do tempo de Sócrates que não tem conta a realidade dos mega-agrupamentos (a lei tem por base apenas a escola-sede), ignora o alargamento dos horários escolares, os apoios às AEC, ignora as obras da Parque Escolar que aumentaram significativamente a dimensão dos estabelecimentos de ensino, etc. 

O ministério da educação, subordinado à ditadura das finanças, relega para plano secundário, as preocupações de ordem pedagógica e os verdadeiros objetivos de uma política educativa cujo enfoque, impunha-se que passasse pela melhoria das condições de trabalho nas escolas e pelo sucesso escolar e educativo dos alunos, combatendo em simultâneo, o abandono precoce do sistema formal de ensino. 

Nada disto acontece. 

O investimento na educação cada vez é menor, estando atualmente ao nível de 2001. Os juros da dívida pública são superiores à despesa com a educação. 

Dados de 2011 revelam que havia na população com mais de 15 anos perto de 3,5 milhões de indivíduos sem nenhum diploma ou apenas com o 1.º ciclo, apesar da boa evolução registada nas últimas décadas. 

Sem educação e cidadãos qualificados não há país que trilhe os caminhos do desenvolvimento.

A CDU ganhou a Câmara Municipal de Silves

A equipa vencedora liderada por Rosa Palma enfrenta uma tarefa hercúlea, dada a realidade financeira do município de Silves que importará diagnosticar com rigor mas que face aos números já conhecidos, evidencia passivo e responsabilidades consideráveis. 

Além dos efeitos negativos da recessão económica em termos de receita e do empecilho da Lei dos Compromissos (para quem gere bem), são sobretudo, preocupantes, as ondas de choque do processo Viga d´Ouro que vão descobrindo um passivo que se estima entre 8/10 milhões de euros, envolvendo juros de mora também na ordem dos milhões. 

Ao aspeto financeiro soma-se o estado geral da organização interna (estrutura, medidas e procedimentos instituídos, máquinas, viaturas e equipamentos, qualidade da intervenção, níveis de desempenho, relação com os munícipes, prioridades, etc.), carente de alterações urgentes. 

Há a legítima e fundada esperança de que a nova equipa consiga realizar um trabalho profícuo. Na medida em que é amplamente reconhecida a qualidade inegável dos eleitos da CDU no quadro geral do país e no concelho de Silves que se distinguem pela defesa intransigente do interesse público e bons níveis de desempenho, como também pela imunidade à corrupção, intriga e politiquice. 

É isso que todos os munícipes esperam.


Jornal "Terra Ruiva"
Edição de Outubro/2013

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