A acesa disputa
entre Seguro e Costa pela liderança do partido de Mário Soares distanciou-se do
cumprimento dos cânones da ética e do suposto bom relacionamento entre pares do
mesmo partido, escandalizando o país mais atento.
A frequência dos ataques
pessoais não abonaram em prol do incremento do interesse dos portugueses pela
vida política. A introdução das eleições primárias no sistema político
português, qual modelo estadunidense, retirando a novidade, o efeito mediático
e a elevada participação de eleitores num ato interno partidário, todo o resto escasseou,
a começar pela ausência de decência e fulanização da contenda, e a terminar, na
inexistência de propostas, projetos, compromissos futuros e na aridez do debate
ideológico, fazendo-se transparecer a falsa imagem de duas pessoas em confronto
político.
A política portuguesa necessita de clareza, verdade e alternativas
reais - não de alternâncias - à desastrosa governação da direita e ao atual
modelo europeu imposto pela Alemanha.
Os portugueses prefeririam conhecer as
propostas alternativas que os dois defendem para o país, explicando-nos como se
diferenciam das políticas neoliberais, esclarecendo como é possível compatibilizar a utopia do Tratado
Orçamental e as metas impossíveis da redução do défice orçamental e da dívida
pública que assinaram em conjunto com o PSD e o CDS, com a defesa do emprego, do Estado Social e do crescimento
económico.
“Sol na eira e chuva no nabal” é difícil.
A ilusão do presidente
francês, o socialista Hollande, apontado inicialmente como o farol e a
esperança dos socialistas europeus, rapidamente se transformou num enorme
desencanto, e num ápice submeteu-se às políticas e à lógica austeritária da
chanceler Merkel.
Parece um exagero, mas a verdade é que o bloco central de
interesses que juntou a direita e os socialistas nos quase 40 anos de
democracia, conduziu o país à ruína, ao empobrecimento, à corrupção e à captura
da política pelos grandes grupos económicos. “A política transformou-se, ela própria, numa megacentral de negócios.
Ex-ministros das Obras Públicas, como Jorge Coelho ou Valente de Oliveira,
tornaram-se administradores de empresas de obras públicas; outros, como Vera
Jardim e Luís Amado, são hoje presidentes de bancos. Dias Loureiro, Vara, e
muitos outros que têm dirigido os destinos do país, estão a contas com a
justiça. Os políticos do arco do poder, PS, PSD e CDS, são os principais atores
desta tragédia, e não se espera do seu seio qualquer solução.” (Paulo Morais, Professor
Universitário, CM, 04.10.2014)
A ladainha e a
mentira repetida à exaustão de que os portugueses viveram acima das suas
possibilidades cai por terra, não só com dados estatísticos, como também pelos Mega
escândalos que atingiram alguns dos seus paladinos.
Veja-se os escândalos do BES/GES
e da família Espírito Santo (Operação Furacão, Face Oculta, Portucale, Escom,
submarinos) que envolveu gestão irregular e fraudulenta, e perdas na ordem dos
largos milhares de milhões de euros, e alegada participação na distribuição de
luvas do negócio dos submarinos (40 milhões de euros) cujo impacto na economia e
nos contribuintes é ainda imprevisível.
Apostila 1 – Desde há muito que registo alguma perplexidade ao
constatar posições diametralmente opostas no seio dos responsáveis/eleitos
locais dos partidos do bloco central que - por
um lado – afirmam discordar das medidas negativas do governo (degradação
dos serviços de saúde e educação, encerramento de serviços públicos, portagens
na Via do Infante, cortes nas transferências para as autarquias, instalação de
grandes superfícies comerciais, medidas lesivas do funcionamento das
Corporações de Bombeiros, etc) e por
outro - sustentam-no politicamente, como se coexistissem dois partidos - o
local e o nacional! Defende-se localmente o que se combate centralmente!
Apostila 2 – O novo executivo municipal venceu para já a
aposta na melhoria da recolha dos resíduos sólidos urbanos (RSU), uma das suas
primeiras prioridades, o que não deixa de ser um paradoxo e motivo de reflexão,
após 40 anos de Democracia.
Dotada de uma frota de viaturas pesadas, obsoleta e
a exigir renovação (decorre um concurso público internacional para a aquisição
de 2 viaturas) mas em operacionalidade permanente há vários meses, a par da insuficiência
de pessoal que o governo impede de contratar, o serviço público de recolha dos
RSU registou evolução positiva.
As lavagens dos contentores voltaram a ser
realizadas com regularidade e intensificar-se-ão.
Porém, para que a melhoria se
torne mais efetiva, é absolutamente indispensável o civismo e a colaboração dos
utentes.
Reprova-se a atitude de quem deposita, anarquicamente, o lixo nos
contentores (restos de alimentos), de quem deposita entulhos nos mesmos, ou de
quem abandona o lixo no exterior, com o equipamento vazio. A deposição de monos
sem aviso prévio e a qualquer dia e hora, também não é a melhor solução. É
igualmente importante o uso correto dos ecopontos. O ambiente e a higiene
pública agradeciam.
Publicado no Jornal "Terra Ruiva"
Edição de Outubro/2014
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