O investimento
público na ordem dos vários milhões de euros que se encontra em fase de
lançamento final pelo Município de Silves (maioria CDU), liderado pela
Presidente Rosa Palma, apresenta-se como desafio significativo num contexto
ainda marcado pelos efeitos da austeridade, o crescimento económico anémico e
as “heranças autárquicas internas”,
num quadro regional e nacional onde não é residual o número de autarquias que se
mostram incapazes de prosseguir o mesmo rumo.
Fazer uso de avultados recursos
públicos, quando está em causa o dinheiro dos contribuintes e o interesse geral
das populações, implica responsabilidade e cuidados redobrados para os
decisores políticos, obriga a tomadas de decisão racionais, planeadas e
sustentadas, impõe clareza na definição das orientações estratégicas, força a prosseguir
caminho previamente traçado com base numa visão panorâmica e no estabelecimento
de prioridades, de acordo com o grau de importância e impacto na vida das
comunidades locais, porque na verdade, as instituições não dispõem de recursos
suficientes para resolver tudo ao mesmo tempo.
Pela abordagem efetuada deduzimos
que a seleção dos investimentos mais significativos foi pensada de forma integrada
e articulada, como um todo, com o objetivo de ultrapassar necessidades, que são
de fundo e estruturais, em simultâneo, com a satisfação da melhoria da
competitividade do ambiente urbano e território, e do reforço da qualidade de
vida do dia-a-dia dos cidadãos.
As
intervenções programadas para a Vila de Armação de Pêra, especificamente a “construção do parque verde e de bacias de
retenção na margem direita da ribeira de Alcantarilha” que contempla na 2.ª
fase do projeto a “reconstrução do canal
de drenagem das águas pluviais para a ribeira de Alcantarilha com a inclusão de
estação de bombagem”, e a “remodelação
da rua Manuel Arriaga, rua do Alentejo e rua dos Pescadores” que integra a
reformulação das redes de abastecimento de água, esgotos, pluviais e a
repavimentação das vias, demonstram
que existe um olhar estratégico sobre uma problemática que se arrasta há longos
anos e que ninguém (até aqui) teve a coragem de abordar e tentar resolver.
O conjunto destes investimentos interligam-se
e confluem para a resolução/mitigação do risco de inundação na baixa de Armação
de Pêra e do estrangulamento da rede de esgotos, contribuindo igualmente para a
renovação e requalificação urbanas, e a redução do défice de espaços verdes e
de lazer.
O caráter estratégico dos investimentos do Município de Silves na
Vila balnear, reforça-se e justifica-se com o desenvolvimento do “plano geral de drenagem pluvial de Armação
de Pêra” e do corresponde “projeto de
execução das intervenções” (abrangendo o conjunto da bacia da ribeira de
Alcantarilha) que foram adjudicados a um especialista de renome nacional e
internacional. Alargando a análise aos maiores investimentos municipais previstos
para outras freguesias do concelho (Silves, S. Bartolomeu de Messines, Algoz, etc.)
também é possível detetar a presença da abordagem estratégica e a visão combinada
na sua seleção.
Os recursos são sempre limitados, sendo mais escassos em tempos
de crise, tornando-se, portanto, indispensável, que os decisores públicos não
façam obras fáceis e supérfluas ou obras para alegrar o olho, exigindo-se, ao
invés, que o investimento produza retorno e verdadeiro impacto socioeconómico
na qualidade de vida das populações e das comunidades.
Publicado no Jornal "Terra Ruiva"
Edição de Junho de 2016
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